Olá! Ontem, resultado da insônia pós começo do horário de
verão, assisti até o final ao programa “O Mundo segundo os Brasileiros”, da
Band. Aliás, se você não tem o costume de ver, não sabe o que está perdendo! O
programa passa toda segunda-feira, depois do CQC (lá por 00h30), e cada
episódio fala sobre uma cidade do planeta, apresentada por brasileiros que
moram lá há certo tempo. D-E-M-A-I-S! Ontem, a personagem principal era
Munique, a parada seguinte do nosso mochilão. Então, achei que era digno
atualizar aqui, já que as lembranças ficaram ainda mais vivas!
Antes de chegar a Munique propriamente dita, preciso
recordar os momentos de pânico/terror/desespero no trem. Sei que já contei esta
história anteriormente, mas vou compartilhar mais uma vez só pra deixar este
post completinho. De Veneza para Munique pegamos um trem noturno, assim
economizamos uma diária de hotel/albergue e não perdemos tempo com uma viagem
longa. Só que eu havia comprado dois tickets em poltronas reclináveis aqui no
Brasil, lindas e espaçosas, e vocês não tem noção do meu desespero quando o
cara que estava recolhendo os bilhetes apontou para uma cabine minúscula com
SEIS camas (leia-se, dois triliches) mega apertadas e pouquíssimo espaço para
as malas. O Fiora ficou esperando com as malas do lado de fora, enquanto eu fui
desbravar o espaço e voltei com uma cara de pânico, sabendo que a viagem seria
horrível, mas sem desconfiar que tudo podia piorar. OK, respiramos fundo,
embarcamos, demos um jeito (não faço ideia como) de acomodar as malas,
cumprimentamos os dois alemães e as duas chinesas que já estavam lindamente
acomodados nas camas de baixo, e estava planejando a viagem - vou passar a
noite sentada no corredor -, quando o cara avisa que todos precisam ficar na
cabine e as portas serão fechadas (NÃÃÃOOO). Detalhe: todas as pessoas estavam
de pijama, tapa olho, chinelo, com toalha e escova de dente em mãos, claramente
preparadas para uma viagem noturna. Eu e o Fiora estávamos suados depois de um
dia inteiro em Veneza debaixo daquele sol, não fazíamos ideia de onde havíamos
largado a escova de dente, e muitos menos o pijama, no nosso super esquema para
acomodar as malas. Tudo bem, o trem estava partindo, subimos na última cama do
triliche, respiramos fundo e o cara fechou a porta! O Fiora dormiu, claro, e eu
tentei me concentrar nos joguinhos do iPhone para não ter um ataque
claustrofóbico naquele local. E assim passou a noite, entre cochilos, jogos e
uma parada de 1h no meio do nada para acoplar outro trem atrás do nosso, quando
chegamos (vivos, obrigada) à Alemanha! Sei que passei o resto da viagem rezando
para os próximos dois trens noturnos não serem iguais àquele, pq né... ninguém
merece!!
O albergue em Munique também merece um parágrafo à
parte, simplesmente porque ele é demais!!! De todos os albergues que ficamos,
este foi, disparado, o melhor. Os quartos eram mega espaçosos e limpos, muito
bem localizado, cada hóspede só tinha acesso ao seu andar por cartão magnético,
o pessoal era muito simpático e prestativo, e tinha uma área comum irada, com bar,
internet, vários puffs gigantes e sofás. Recomendo demais esta rede – Wombats!
Quando montamos o roteiro do mochilão, queríamos muito
visitar a Alemanha. Como Berlim era longe e ficava mais complicado chegar até
lá, deixamos a capital alemã para a próxima e optamos por Munique, no meio do
caminho entre Veneza e Amsterdam.
Achei a Alemanha muito parecida com a Inglaterra em
termos de organização, limpeza e educação das pessoas. Para vocês terem ideia,
uma tarde estávamos esperando para atravessar a rua e o sinal de pedestre
estava fechado ainda, mas como não tinha nenhum carro vindo e uma pessoa
atravessou, fizemos o mesmo. Percebi que algumas pessoas começaram a falar algo
em alemão atrás da gente, mas como não estava entendendo nada, deixei pra lá e
continuei andando. Até que uma policial puxou meu braço com tudo e começou a
falar várias coisas, enquanto olhávamos pra ela com cara de idiotas, já
imaginando como explicar pra todo mundo que havíamos sido deportados por algum
motivo idiota. Até que ela percebeu que não falávamos alemão e partiu para o
inglês, ponto pra ela! Resumindo, não podíamos ter atravessado a rua sem o
sinal de pedestres ter aberto... além do sermão, ela encerrou o monólogo com
“no Brasil existem sinaleiros???”.
Outra coisa que chamou muito a atenção foi o metrô da
cidade, enquanto alguns são super modernos, outros são mais antigos, mas mesmo
assim muito bem conservados. Além disso, em alguns pontos, não existe nenhum
controle do pagamento da passagem, ou seja, você pode embarcar sem pagar o
ticket se quiser, mais uma prova da educação e honestidade dos alemães. Falando
nisso, o sistema de transporte deles é muito bom e o maior exemplo disso é a
ligação até o Allianz Arena, o estádio oficial dos times TSV 1860 Munique e
Bayern de Munique, onde aconteceu a abertura da Copa de 2006. Com capacidade
para mais de 70 mil pessoas, o estádio é bem longe do centro, mas tem uma linha
de metrô que chega do lado dele. Imaginamos que seria uma viagem mega demorada,
mas ficamos impressionados com a rapidez do trajeto e a pontualidade do metrô.
O Allianz Arena é um espetáculo à parte: grandioso, moderno e extremamente
bonito! Vale muito a visita (eles têm visita guiada para conhecer o campo, os
camarotes, vestiários, etc). Uma curiosidade interessante é que o estádio muda
de cor de acordo com o mandante do jogo: vermelho para o Bayern Munique, azul
para o Munique 1860 e branco com a Seleção Alemã de Futebol. Muito legal! Ah! Tem
que cuidar porque, pelo menos naquela época, tinha apenas uma visita guiada em inglês
por dia.
Preciso contar uma coisa muito engraçada que aconteceu
durante a visita: estávamos esperando o nosso passeio guiado, mas o pessoal só
falava alemão e não entendíamos nada. Até que, de repente, reuniu um monte de gente
na nossa frente e deduzimos (errado, claro!) que era nosso grupo. Levantamos
correndo e fomos atrás deles, quando nos demos conta que estávamos saindo do
estádio e indo embora hahahahaha voltamos correndo pra sala de espera e estava
vazia, ou seja, nossa visita verdadeira também já tinha iniciado. Até que uma
moça percebeu que estávamos perdidos e nos colocou na sala de projeção, onde
todos já estavam sentados acompanhando um vídeo institucional. Não conseguíamos
parar de rir e a guia olhando de cara feia pra gente!
Outro lugar que vale muito a pena conhecer é o espaço
onde aconteceram os Jogos Olímpicos de 1972. Levando em consideração que tudo
foi construído na década de 70, a estrutura é muito moderna, arborizada e usada
até hoje por esportistas. Lá dentro tem um Aquário Sea Life e super pertinho
fica um espaço da BMW, com museu e exposição de carros.
Outra coisa interessante da Alemanha são os chamados
Beer Gardens, espaços onde as pessoas se reúnem para tomar cerveja (ah vá) e
comer comidas típicas. Há várias mesinhas, muitas árvores e barraquinhas com
produtos típicos e vários tipos de cerveja, muito legal! Passamos por dois, um
deles bem no centro da cidade e outro dentro de um parque bem famoso de
Munique, o Englischer Garten, considerado o oásis do lazer por lá. Com certeza
vale a parada para conhecer um pouco mais da cultura alemã.
Visitamos também o local onde acontece a Oktoberfest,
claro que estava vazio, afinal, era junho, mas deu pra ter ideia do tamanho do
espaço.
Outra parada obrigatória em Munique é a Marienplatz,
considerada uma das praças mais bonitas da Alemanha, onde fica a antiga
prefeitura da cidade. Neste prédio histórico, em algumas horas do dia, tem o
famoso toque dos sinos, que reúne sempre uma multidão para acompanhar. Ali
perto também fica a igreja mais famosa da cidade e outros símbolos de Munique,
além de várias lojas de grife e restaurantes típicos.
Uma noite, estávamos felizes da vida com um balde de
frango e muita Pepsi no KFC, quando três brasileiros de Floripa sentaram na
mesa ao lado. Começamos a conversar e trocar algumas dicas de viagem, quando
eles comentaram a respeito do primeiro campo de concentração da Alemanha, que
ficava em uma cidadezinha super perto de Munique e valia demais a pena
conhecer. Voltamos para o albergue, pesquisamos sobre o passeio, adaptamos
nosso roteiro e incluímos a visita nos nossos planos. Distante,
aproximadamente, 10 km de Munique está a pequena cidade de Dachau, que abriga o
primeiro campo de concentração da Alemanha, construído em 1.933 pelos nazistas.
Para chegar lá, pegamos um trem até a cidade e lá um ônibus, tudo muito bem
sinalizado e, como na maioria dos lugares turísticos, basta seguir a multidão!
Com certeza, de todos os lugares que já visitei na vida, foi o que mais me
impressionou. O lugar tem um clima muito pesado e saímos de lá tentando
encontrar respostas para algumas perguntas que nem éramos capazes de
formular...
Em um primeiro momento, eles exibem um vídeo contando a
história do campo, o que aconteceu, com imagens bem fortes. Tem também uma
biblioteca para pesquisas, com vários documentos guardados, e os visitantes
podem caminhar pelo campo, uma experiência única! Depois da Guerra, eles
reconstruíram uma das casas para as pessoas poderem imaginar como eram as
condições de vida lá dentro, assim como a câmera de gás, o crematório, o portão
com os dizeres “Arbeit Macht Frei” / O Trabalho Liberta, as cercas elétricas,
etc. Por mais que tenha virado um ponto turístico, o clima não tem nada a ver
com isto, as pessoas caminham em silêncio e com muito respeito. E pensar que
tudo isto é tão recente...
No mais, a Alemanha é muito limpa, organizada e bonita!
Até Amsterdam! ;)