domingo, 16 de novembro de 2014

Desbravando o Deserto do Atacama

Na manhã seguinte, levantamos cedo e nosso guia já estava esperando. O roteiro incluía visitar o Salar de Atacama, o Vale da Morte e por último ver o pôr-do-sol no Vale da Lua. Máquinas fotográficas na mochila, roupa fresca e confortável, garrafas de água, protetor solar e muita disposição para caminhar. Durante a manhã visitamos o Salar de Atacama, aproximadamente 60 km ao sul de San Pedro. A salina está a 2.300 metros acima do nível do mar e possui 100 km de comprimento por 80 km de largura. Uma parte do salar pertence à Reserva Ecológica Los Flamencos, que apresenta espécies de flamingos e outras aves, como gansos e patos. O Salar de Atacama é remanescente do mar que ficou preso entre as montanhas há 65 milhões de anos, quando as placas tectônicas se chocaram. Com a evaporação da água, formou-se a salina. Há pequenas lagoas de água salgada que servem de habitat para uma espécie de camarão vermelho, que é o alimento dos flamingos. Ao contrário da outra salina que conhecemos, essa tem o espaço para circulação de pessoas delimitado, com a intenção de proteger os animais. São caminhos sinuosos em meio ao deserto de sal, uma espécie de trilha, que parecia curta, mas o sol e o calor aumentavam o trajeto. O cheiro não era muito agradável, mas depois de alguns minutos não sentíamos mais, tão fascinados estávamos com os flamingos e com a beleza do lugar. Esses animais são muito elegantes, caminham com uma sutileza surpreendente e parecem não se importar com a nossa presença. Pequenas iguanas nos acompanhavam durante a travessia. No começo brincávamos para ver quem achava mais delas. Olhar o horizonte e ver o branco do salar encontrar o azul do céu completava o passeio. Passamos a manhã caminhando pelo salar.

 
 

Pausa para o almoço e para recarregar as energias. Almoçamos no centro de San Pedro de Atacama. Incrível como os moradores recebem bem os turistas e os lugares são aconchegantes. Depois de comer e ter uma breve aula de história com a garçonete, que se não me engano era européia e se encantou tanto com o lugar que resolveu morar ali por um tempo, resolvemos dar mais uma volta pelo centro e tirar algumas fotos. No meio da tarde, reencontramos nosso guia e partimos para o Vale da Morte. Há duas versões para o nome, a primeira diz que muitos nativos foram executados ali durante a dominação espanhola. A segunda afirma que antigamente muitos morreram ao tentar atravessar o vale. Não posso garantir nada a respeito da primeira hipótese, mas a segunda me parece bastante real. O Vale da Morte possui um terreno arenoso e montanhoso, com diversas esculturas naturais. Nosso guia sugeriu atravessar uma caverna com as paredes forradas de sal, para conferir de perto as formações e o brilho do mineral. Por sorte a volta não precisava ser por dentro da caverna, pois quanto mais avançávamos, maiores eram os desafios e mais estreitos os caminhos. No final valeu a pena, saímos em cima dela e os cristais de sal brilhavam como diamantes. Fotos e mais fotos e resolvemos ir conhecer outras estátuas naturais. Fila para fotografar, devido ao elevado número de turistas.

 
 


O final da tarde se aproximava e o maior espetáculo ainda estava por vir. Vale da Lua.. lá fomos nós! O Vale da Lua, que recebe este nome por parecer com a superfície lunar, é uma depressão de aproximadamente 500 metros de diâmetro, com várias formações de sal, repleta de montanhas, vulcões e dunas desérticas. Desértica apenas por estar no meio do deserto, porque todos os turistas tiveram a mesma ideia: escalar as dunas para ver o sol sumir atrás da Cordilheira dos Andes. Descemos do carro e analisamos por alguns minutos o tamanho da subida, respiramos fundo, contamos até dez e encaramos o desafio. Quanto mais subíamos, mais distante o topo parecia, pois como a areia é muito fina e escorregadia, a cada dois passos voltávamos um. Mas a fila de corajosos para escalar a montanha só aumentava, devia valer muito a pena. Chegando ao topo, a certeza de que cada passo valeu a pena, e como valeu! O Vale da Lua é maravilhoso! As formações, o brilho do sal, o silêncio, as cores, a suavidade da areia... O grande espetáculo estava prestes a começar! Todos observaram concentrados o sol se despedir de mais um dia. As montanhas, que no início eram amarelas, tornaram-se laranjas, em seguida rosas e por último vermelhas, sempre contrastando com o branco da neve no topo do vulcão. Quando o astro partiu por completo, ficamos mais um tempo para repor as energias e começamos a descida, que foi uma aventura à parte. Como já estava escuro, eu e meus irmãos descemos pulando. Depois de choques acidentais com alguns turistas e sentir pessoas rolando perto dos nossos pés, encontramos nosso guia e voltamos para o hotel, com a certeza de que tínhamos presenciado um dos espetáculos naturais mais belos da Terra! À noite, durante o jantar e antes de dormir, só falávamos sobre aquilo. Dormimos sonhando com o Vale da Lua, sem imaginar o que nos esperava no dia seguinte, ou na madrugada seguinte...

 
 
 
 
 

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