quinta-feira, 9 de junho de 2011

bye bye, England!


A verdadeira arte de viajar
A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo
Não importa que os compromissos e as obrigações estejam ali
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando


Último post escrito em terras inglesas!

Oito semanas depois, é hora de me despedir da Inglaterra, fechar o mochilão, pegar o avião e partir para novos rumos no velho mundo. Hoje, olhando pra trás, concluo que o tempo passou rápido demais e os dois meses na terra da rainha voaram. Vou embora daqui com a sensação de missão cumprida e de sonho realizado!

Já estou tão acostumada com a minha rotina, a escola, o curso, os professores, os colegas, o meu quarto e a cidade, que bate saudade ao pensar que esse ciclo está sendo fechado. Afinal, morar fora do seu país é uma experiência enriquecedora! Sentirei saudades da organização e da pontualidade inglesa, do chá com leite, de passar a tarde no parque lendo e ouvindo música, de comprar o megarider toda semana e andar em ônibus confortáveis, das excursões e viagens, da Escócia, de passear nas farmácias ver as maquiagens, do doritos laranja, do kit kat, do pacote de snickers gigante por £2, da poundland, da srilankanesa dizendo ‘dinner ready, come’, das tentativas frustradas de conversar com a srilankanesa, do estresse pra lavar roupa, do macarrão sem molho com cenoura, do Botanic Garden, do punting, do Café Brazil, do crepe, de passar frio, do vento, de Londres, de Bath, de Stonehenge, de Stratford, de Oxford, de Ely, de Grantchester, de Greenwich, de Windsor, de conhecer a Gabi, de caminhar muito mais que o necessário por preguiça de analisar o mapa com calma, dos horários malucos, dos museus, das igrejas, dos castelos, dos amigos...

Hoje, tenho certeza que qualquer viagem começa com um primeiro passo... e tenho mais certeza ainda que viajar é uma das melhores coisas do mundo, principalmente porque ninguém volta igual de uma viagem! Viajar é cultura, é conhecimento, é amadurecimento, é desafio, é descoberta, é surpresa, é diversão, É VIDA!

Não conseguirei atualizar o blog durante o mochilão, mas conto tudo quando chegar ao Brasil!

SAUDADES!


Perder a viagem

Você pede ao patrão para sair mais cedo do trabalho, aí pega um ônibus lotado, vai para um consultório médico que fica no outro lado da cidade, gasta seus trocados, seu tempo e seu humor e, ao chegar, esbaforido e atrasado, descobre que sua hora, na verdade, está marcada para semana que vem. Sinto muito, você perdeu a viagem. Todo mundo já passou por uma situação assim, de estar no lugar errado e na hora errada por pura distração. Acontecendo só de vez em quando, tudo bem, vai pra conta dos vacilos comuns a qualquer mortal. O problema é quando você se sente perdendo a viagem todos os dias. Todinhos. É o caso daqueles que ainda não entenderam o que estão fazendo aqui. Estão perdendo a viagem aqueles que não se comprometem com nada: nem com um ofício, nem com um relacionamento, nem com as próprias opiniões. Estão sempre flanando, flutuando, pousando em sentimento nenhum, brigando por idéia nenhuma, jamais se responsabilizando pelo que fazem, pois nada fazem. Respirar já é para eles tarefa árdua e suficiente. E os dias passam, e eles passam, e nada fica registrado, nada que valha a pena lembrar. Estão perdendo a viagem aqueles que, em vez de tratarem de viver, ficam patrulhando a existência alheia, decretando o que é certo e errado para os outros, não tolerando formas de vida que não sejam padronizadas, gastando suas bocas com fofocas, seus olhos com voyeurismo, sem dedicar o mesmo empenho e tempo para si mesmo. Estão perdendo a viagem aqueles preguiçosos que levam semanas até dar um telefonema, que levam meses até concluir a leitura de um livro, que levam anos até decidir procurar um amigo. Pessoas que acham tudo cansativo, que acreditam que tudo pode esperar, que todos lhe perdoarão a ausência e o descaso. Estão perdendo a viagem aqueles que não sabem de onde vieram nem tentam descobrir. Que não sabem para onde ir e nem tentam encontrar um caminho. Aqueles para quem a televisão pode tranqüilamente substituir as emoções. Estão perdendo a viagem todos aqueles que se entregam de mão beijada às garras afiadas do tédio.

Martha Medeiros

segunda-feira, 6 de junho de 2011

e a Inglaterra continua linda...

Olá, Brasil!!

Na quinta-feira, fui para Grantchester com a Denise (brasileira que conheci em uma viagem para Londres). Grantchester é uma espécie de bairro/vila de Cambridge, onde há uma área para fazer piquenique na beira do rio. A Denise já havia ido com a escola dela e resolvemos seguir o mesmo caminho, que passa no meio de uma fazenda e depois vai contornando o rio, até chegar a um lugar que serve vários tipos de bolo e chá inglês. A caminhada dura, mais ou menos, 40 minutos (com paradas para tirar fotos) e o caminho é muito bonito (tirando o fato que fui atacada por uma vaca), com várias pontes, árvores, porteiras, etc. Saímos de Cambridge no começo da tarde e voltamos no final do dia. O local para tomar chá é maravilhoso, localizado no meio de umas árvores, com mesas e cadeiras super confortáveis. Comi um bolo de cenoura delicioso e tomei o famoso chá inglês com leite. Na volta, estava acontecendo um casamento na beira do rio. Bem simples a cerimônia, com poucas pessoas, mas o mais estranho era o horário: 17h de uma quinta-feira, mas tudo bem, já percebi que o povo aqui tem uns horários meio malucos, como jantar às 18h e fechar todo o comércio às 17h.



Depois, fui direto pra residência estudantil, onde a Cristiana e a Erika fizeram um strogonoff delicioso. Estava com saudades de comer comida do Brasil com gosto de comida do Brasil. Por apenas £3, foi, com certeza, a refeição mais barata e mais gostosa até agora na Europa.


Na sexta-feira à tarde, aproveitei para visitar o Fitzwilliam Museum, museu mais famoso de Cambridge e, o melhor de tudo, gratuito. Já havia ido durante uma aula, mas nem deu tempo de passar por todas as galerias com calma. Confesso que não sou muito fã de museu e já estou um pouco cansada de ver sempre as mesmas coisas, mas o lugar é bem bacana, com quadros, esculturas antigas, várias porcelanas japonesas e uma galeria só sobre o mundo egípcio. Recomendo a visita, é bastante interessante. A arquitetura do museu foi o que mais chamou a minha atenção. Eles cuidam de cada detalhe, do teto ao chão, com tapetes, pinturas, esculturas, colunas...



No sábado, foi a vez de visitar Oxford e Blenheim Palace com uma excursão. Fomos eu, Erika (brasileira), Adriana (colombiana) e Stela (colombiana). Pela manhã, passeamos no Blenheim Palace, localizado próximo a Oxford e local de nascimento de Winston Churchill. O palácio é enorme e bem bonito, principalmente os jardins. O problema é que no sábado estava acontecendo uma competição nos arredores, ou seja, havia toda uma estrutura montada para o evento, com pessoas acampando, espaços delimitados e barracas dos patrocinadores, o que prejudicou um pouco as fotos. No começo da tarde, seguimos pra Oxford. A cidade é bonita, mas sou muito mais Cambrigde! Na verdade, as duas são bem parecidas, com vários colleges, um centro pequeno, museus, bibliotecas, etc. Mas, comparando-as, acho Cambridge mais bela e organizada (talvez porque já estou acostumada). Em um dos colleges de Oxford (Christ Church), foram gravadas algumas cenas do filme “Harry Potter”.

Pausa para explicar o que são os famosos colleges (sim, demorei um pouco pra entender). A Universidade de Cambridge e a Universidade de Oxford são divididas em colleges espalhados pela cidade. Ou seja, não tem somente um ou dois campi como acontece no Brasil, mas sim vários colleges divididos de acordo com as áreas do conhecimento. E todos os colleges são lindos, a arquitetura, os jardins, a organização, etc. E, como sempre, é preciso pagar pra conhecer por dentro.



Para me despedir de Cambridge, no domingo, fiz o verdadeiro punting (passeio de gôndola pelo rio, passando por trás dos principais colleges) com a Adriana. O passeio dura cerca de 45 minutos e é lindo, com vistas maravilhosas. Nosso guia era super divertido e na gôndola só deu América do Sul, com um grupo de argentinos, eu e a colombiana. Agora, sinto que posso me despedir de Cambridge e da Inglaterra com a sensação de missão cumprida!



Ééééé, esses são meus últimos dias por aqui. Sábado embarco para Roma e começo a segunda parte da aventura: MOCHILÃÃÃOOO!!!


SAUDADES!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

ESCÓCIA

QUERO VOLTAR PRA ESCÓCIA! Essa foi a primeira frase que veio à cabeça quando cheguei em Cambridge na segunda-feira à noite, após um final de semana maravilhoso na terra dos homens de saia. A viagem valeu demais a pena e a Escócia é muito linda! Fiquei apaixonada por Edimburgo em questão de minutos. Localizada entre o mar e as montanhas, a capital escocesa proporciona aos turistas vistas inesquecíveis e uma surpresa a cada esquina. Assim como as demais cidades do Reino Unido, Edimburgo reúne o moderno e o antigo (separados por uma ponte), e o contraste entre esses dois ‘mundos’ pode ser notado em uma simples caminhada pela ponte, que passa por cima de uma moderna e pontual estação de trem e, ao mesmo tempo, funciona como portal para o Castelo de Edimburgo, localizado a poucos quilômetros dali.

E o Lago Ness?! Não existem palavras para descrever tamanha beleza. A viagem para chegar até ele, as montanhas, o verde das margens, o azul da água, as ruínas do Urquhart Castle e até mesmo o tempo maluco (que alterna sol e chuva em poucos minutos) formam o cenário perfeito para qualquer turista em busca de aventuras e lembranças inesquecíveis.
 
 
Acordei às 3h da manhã de sexta-feira para sábado, pois precisava estar às 4h na estação de polícia. Estávamos em sete pessoas aqui de Cambridge, eu, uma mexicana (com quem passei os três dias e fiz todos os passeios), um argentino, uma italiana, uma colombiana e um casal de turistas de algum país oriental. A empresa disponibilizou um táxi para nos levar até a estação de trem em Londres, de onde partimos para Edimburgo às 7h. A viagem dura, mais ou menos, 4h30 e fui a maior parte do tempo acordada observando as paisagens. Ah! Antes que me perguntem, sim, tinha brasileiros no grupo. Mas eram quatro homens mais velhos, que estão estudando inglês em Londres. Então, esse final de semana, falei somente inglês.
 
Chegamos a Edimburgo às 11h30 e fizemos um passeio de ônibus com um guia pelos principais pontos turísticos até a hora de fazer o check in nas guesthouses. O passeio foi bem divertido, o homem usava saia e paramos em alguns lugares onde pessoas importantes da história da Escócia nasceram/morreram. Depois de deixar as coisas na guesthouse, eu e a mexicana pegamos um mapa e decidimos caminhar pela cidade, além de procurar algo para comer (não, não fomos ao Mc Donald’s, demoramos para encontrar um e acabamos parando no Subway). Nossa ideia inicial era visitar o castelo, mas já era 14h30 e ele fechava cedo, então achamos melhor deixar pra segunda-feira de manhã (decisão correta). Caminhamos muito pelas ruas estreitas em volta do castelo, tiramos muitas fotos, visitamos igrejas, monumentos e, no final do dia, encontramos uma escada no meio de uma rua e subimos. Lá de cima, conseguimos ver Edimburgo inteira, as montanhas, o mar, as construções, perfeita a vista! Depois, voltamos pra guesthouse, descansamos um pouco e fomos ao mercado comprar comida pro dia seguinte. Pelas ruas de Edimburgo é possível ver vários homens de saia tocando instrumentos e na maioria das lojas há músicas locais.
 
 
Pausa para falar da guesthouse. Quando comprei o pacote, tinha a opção de hotéis com quartos individuais, duplos ou triplos, que precisava pagar um valor adicional, ou a guesthouse, que estava incluída no preço inicial, com café da manhã e oito camas por quarto. Decidi ficar na guesthouse, mas estava imaginando um quarto minúsculo, com quatro beliches apertados e um banheiro sujo. Fiquei muito impressionada com o lugar. O quarto era enorme, espaçoso, limpo, decorado, sem beliches, com mesa, cafeteira e um banheiro que, apesar de pequeno, era limpo e o chuveiro era maravilhoso. E o café da manhã era super gostoso, com torrada, nutella, manteiga, geleia, café, chá, suco, iogurte, frutas, cup cake, ovo, salsicha, presunto e croissants.
 
 
No domingo, acordamos bem cedo, pois íamos visitar as Highlands e o Lago Ness (conforme o motorista do ônibus não parava de falar, tínhamos um compromisso com um famoso monstro!). A viagem é bem longa, mas as montanhas e as paisagens são maravilhosas. O dia estava nublado, alternando chuva e sol, mas nada que estragasse o passeio. Paramos em alguns locais para tirar fotos e chegamos ao Lago Ness no começo da tarde. Devido ao mau tempo, os passeios de barco foram suspensos, então tivemos bastante tempo para visitar as ruínas do Urquhart Castle na margem do lago, tirar fotos, tomar banho de chuva, passar frio, beber chocolate quente para esquentar e passear pela loja local. O Lago Ness me lembrou muito o Caminho dos Sete Lagos, entre San Martin de Los Andes e Bariloche, na Argentina. A paisagem é linda demais, o azul da água, o verde da natureza, as montanhas... pena que não encontramos o monstro.

 
Chegamos a Edimburgo no começo da noite, mas lá, devido à localização, escurece depois das 22h nessa época do ano. Então, eu e a mexicana (percebe-se que eu não lembro o nome dela) saímos procurar comida e paramos em uma lanchonete. Comprei uma pizza maravilhosa, jantei, tomei banho e desmaiei na cama. Ah! Na noite anterior, eu, a mexicana e duas meninas dos EUA que estudam moda em Londres conversamos bastante no quarto sobre nossos países, nossas profissões, etc. Foi muito legal pra praticar inglês e elas eram muito queridas. Na verdade, as meninas dos EUA são da Guatemala e da China, mas, atualmente, vivem nos EUA. No nosso quarto tinha ainda uma venezuelana, uma argentina e uma garota estranha que não sabemos o nome, nem da onde é, e muito menos o que foi fazer em Edimburgo, pois passou a tarde inteira na lan house e não foi pro Lago Ness.
 

Na segunda-feira, acordamos cedo de novo, tomamos café, colocamos nossas coisas na sala de bagagem e fomos visitar o Castelo de Edimburgo. Antes, passamos tirar fotos na frente de alguns pontos turísticos, como a Galeria Nacional. Como chegamos cedo ao castelo, não pegamos muita fila e conseguimos visitar tudo pela manhã. Na fila pra comprar o ingresso, encontrei um grupo de brasileiros. Não tem jeito, vamos dominar o planeta! Adorei o castelo, tem vários objetos antigos, museus e uma ala que recria o local onde os prisioneiros ficavam, muito interessante. E a construção em si é linda, lá de cima é possível ver toda a cidade. Depois, passamos comprar algumas lembranças da Escócia (comprei uma bolsa, dois chaveiros e dois lenços), almoçamos no Mc Donald’s (novidade!) e caminhamos mais um pouco pelo centro antes de voltar pra guesthouse pegar o ônibus pra estação de trem.

 
Na volta, sentamos em uma mesa eu, dois brasileiros e a menina da Guatemala que estava no meu quarto. Viemos a viagem inteira conversando e rindo muito (uma colombiana reclamou e pediu para falarmos/rirmos mais baixo). O melhor de tudo foi que o guia não avisou que o pessoal de Cambridge precisava descer uma estação antes de Londres, onde pegaríamos o táxi pra cá. Então, quando chegou a estação, ele começou a falar pra gente sair do trem, e nós sem entender nada. Aí ele mandou virarmos à esquerda no estacionamento e encontraríamos um taxista de olho azul nos esperando (uau!). Mas, no final, deu tudo certo e chegamos a Cambridge perto das 22h.

Nossa, como eu ainda não comentei aqui sobre o chá inglês?! Sério, o chá aqui é bom demais, o gosto é diferente, muito mais saboroso. E quando eles colocam leite então, DELICIOSO! Todo dia de manhã, torço pra srilankanesa servir chá ao invés de café com leite ou suco. Queria comprar vários pacotes pra levar pro Brasil, mas não tenho como carregar durante o mochilão.

Sábado, para fechar com chave de ouro meu último final de semana em terras inglesas, vou conhecer Oxford!

SAUDADES, BRASIL!