quarta-feira, 15 de abril de 2015

No meio do caminho tinha Chicago

“A verdadeira arte de viajar...

A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo

Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!”

Mario Quintana

Tudo começou em 2013, quando comprei minhas passagens pra Califórnia... a passagem de ida era simples, não tinha segredo: Curitiba/Los Angeles. Já a volta juntou a minha vontade de ficar e a impaciência do meu pai:

Eu – Vou ficar uns dias a mais viajando.
Ele – Quantos dias, um mês? Decide logo que quero terminar isso hoje.
Eu – Hãããã... pode ser!
Ele – Achei uma promoção pra voltar de Nova York exatamente um mês depois do fim do curso, pode ser?
Eu – Não sei, peraí.
Ele – Vamos, já estou com tudo pronto pra comprar, depois você resolve o resto.
Eu – OK!

E assim eu tinha uma passagem de volta só para o final de abril e saindo do outro lado do país. O que eu faria nestes trinta dias? Como eu acabaria em NY? Isso eram oooooooooooutros quinheeeentos, o importante era “Garota, eu vou pra Califórnia”!! Prazer, essa sou eu!!!

Após algumas semanas, as coisas estavam teoricamente decididas: uma road trip de 22 dias pela Califa e oito dias em NY com uma amiga, que depois foi substituída pela minha mãe, mas tudo ainda sob controle. Até que resolvemos que oito dias no mesmo lugar era demais e podíamos aproveitar para conhecer outra cidade. Opções perto de NY: Boston, Washington... nada que super chamasse a atenção, quando apareceu Chicago! E, com certeza, foi a melhor escolha que poderíamos ter feito!


Localizada no estado de Illinois, à beira do Lago Michigan, Chicago é conhecida como Windy City e, realmente, venta deeeeemais. Independente do vento e do frio, fui só amores pela cidade (ok, eu sou só amores por todos os lugares que conheço, mas alguns conquistam um pedacinho maior do meu coração e Chicago foi um deles). Muitos guias comparam Chicago a Nova York, pois a vida cultural, noturna e as opções de lazer são bem parecidas. Concordo! Chicago tem tudo que Nova York oferece em um local mais calmo, sem tantos turistas e filas, além de ser tão bonita, agradável e fashion quanto a cidade que nunca dorme.

Chicago é uma cidade cheia de parques e super arborizada, além de ter uma arquitetura incrível, então é uma delícia caminhar pelas suas ruas, passar um tempo nos parques, admirar as suas construções e observar a movimentação ao nosso redor.


Marca registrada de Chicago, o Cloud Gate, ou The Bean, é uma obra de arte espelhada imensa do artista Anish Kapoor e o efeito da escultura é realmente demais. O legal é ver as reações e as poses das pessoas para tirar foto, rende boas risadas e o bacana é entrar no clima e interagir com gente do mundo inteiro. Esta escultura fica no Millennium Park, localizado na zona norte do Grant Park. Esta região é muito bonita, gostosa para caminhar, tomar um café, descansar... E o legal da cidade é que vários pontos turísticos são relativamente perto, além de ser uma delícia bater perna pela cidade, olhar as vitrines, tudo isso no meio dos seus arranha-céus e sempre na companhia do Lago Michigan. Tênis e muita disposição na mala são indispensáveis!






Chicago também tem um píer, o Navy Pier, localizado bem perto do centro e com uma estrutura legal. Infelizmente, quando fomos em abril, não sei se por causa do vento, do frio ou por simplesmente estar em reforma, a maioria das atrações estava fechada, então não conseguimos aproveitar muito, apenas dar uma caminhada e tirar belas fotos. Porém, se você for no verão, com certeza estará bombando e tem opções para todas as idades. E o melhor é que ele fica bem pertinho do centro e do Millennium Park, dá tranquilo pra ir caminhando.

No dia que visitamos o píer aproveitamos para caminhar mais um pouco na orla do Lago Michigan, que é muito bonita e cheia de pessoas se exercitando, passeando com suas famílias, andando de bicicleta... Caminhamos, caminhamos e fomos parar no Lincoln Park, um dos principais parques da cidade e uma homenagem a Abraham Lincoln, que passou grande parte da sua vida no estado de Illinois. O legal deste parque é que ele tem um zoológico com várias espécies de animais e é gratuito o ano inteiro. Um passeio super gostoso!













Em todas as cidades que passo sempre pesquiso se tem o City Pass ou algo parecido, que reúne a entrada de várias atrações turísticas a um preço mais acessível. Dependendo do que você procura e dos lugares que planeja visitar, vale muito a pena e foi o que aconteceu em Chicago. Além disso, com este City Pass você não precisa ficar nas filas para comprar ingresso e pode ir direto pra entrada das atrações, uma economia de tempo considerável.

No Chicago City Pass está incluso:
  • Shedd Aquarium
  • Skydeck Chicago (Willis Tower)
  • The Field Museum
  • Museum of Science and Industry ou 360 Chicago (John Hancock Center)
  • Adler Planetarium ou Art Institute of Chicago

No último dia na cidade estava chovendo, então demos sorte de deixar o Shedd Aquarium e The Field Museum para este dia. Os dois são do ladinho, assim como o Adler Planetarium, que visitamos no primeiro dia (aliás, não achamos nada de mais, talvez por ser tudo em inglês, então não entendemos muitas explicações sobre a formação dos planetas e tal, mas a estrutura é bem bacana). Voltando ao último dia, fomos ao aquário de manhã e ele é bem legal, grande, com várias espécies e salas. Já o Field Museum é demais e lembra bastante o Museu de História Natural de Nova York, vale muito a pena visitar.




Chicago vista de cima

Em Chicago tem dois prédios em que os visitantes podem subir para aproveitar a vista: a Willis Tower, que tem 441 metros de altura e é considerada um dos edifícios mais altos do mundo, onde fica aquele famoso cubo de vidro onde todos batem foto, e o John Hancock Observatory, com 344 metros. Escolhemos visitar um durante o dia e outro à noite.

A Willis Tower e seu Skydeck fomos durante o dia, já que caminhamos tanto que quando vimos estávamos lá perto. A vista é maravilhosa! Ficamos mais ou menos 1h na fila pra entrar no elevador, mas valeu a pena e imagino que todos os dias do ano a fila seja grande. Chegando lá, para acessar o The Ledge, aqueles cubos de vidro que avançam para fora do prédio e te colocam literalmente em cima das ruas de Chicago, também tivemos que esperar em uma fila enorme e as fotos não ficaram muito legais, porque a galera fica empurrando e não tem espaço suficiente. Então decidimos bater a foto oficial e comprar de lembrança, até porque eu e a minha mãe morremos de medo de altura e precisávamos de uma foto digna para provar pra todo mundo que siiiimmmmmm, nós pisamos no vidro! Como tínhamos o Chicago City Pass, não precisamos enfrentar fila na bilheteria (acredito que economizamos pelo menos 1h), somente no acesso aos elevadores.





Já o John Hancock Center visitamos à noite e a vista também é muito bacana. Lá em cima tem um barzinho com mesinhas onde as pessoas podem descansar um pouco. A gente não ficou muito porque estávamos com fome e já tínhamos planejado jantar na Cheesecake Factory <3, já que há uma no John Hancock Center, um complexo de lojas e restaurantes que fica abaixo e ao redor do edifício.



Se você não tiver tempo para visitar os dois, fique com a Willis Tower/Skydeck.


Dicas:

Go Airport Express – Usamos o serviço de shuttle desta empresa para fazer os trajetos aeroporto/centro e centro/aeroporto em Chicago. Descobrimos assim que chegamos à cidade e no dia de ir embora fizemos a reserva por internet e deu tudo certinho, eles estavam lá no hotel no horário marcado.

Double Tree Chicago Hotel Magnificent Mile – Ficamos hospedadas neste hotel e a localização é excelente, bem no centro e perto dos principais pontos turísticos. E o melhor, fizemos a reserva pelo Hotwire (já falei dele aqui, com todas as dicas) e o preço foi super bom!

Chicago Premium Outlet - Reservamos um dia para ir ao outlet por duas razões: não queríamos gastar um dia de NY no outlet e minha mãe nunca tinha ido a um (e gente, na boa, todo mundo que for aos States precisa passar em um outlet, é muito amor num lugar só hahaha). Pesquisamos na internet e decidimos ir ao outlet que fica na cidade de Aurora e pertence à rede Premium Outlets (a melhor, na minha opinião). Ele fica a menos de 1h de Chicago. Alugamos um carro na noite anterior pelo site Car Rentals, retiramos na manhã seguinte no aeroporto, passamos “rapidinho” (só que não) no Walmart comprar maquiagem (adoro) e seguimos pro outlet. É super fácil de chegar, você pega uma highway e chega rapidinho. O outlet não é dos maiores da rede, mas tem todas as lojas famosas (Tommy, Adidas, Nike, Guess...) e dá pra fazer boas compras. Reserve um dia inteiro para este passeio.


Chicago é apaixonante, é frenética, é leve... tem vida, tem encantamento, tem todos os ingredientes pra tornar qualquer viagem inesquecível!


segunda-feira, 13 de abril de 2015

Uma Aventura pela Amazônia

"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu." - Amyr Klink

Hoje vou fazer um post de uma viagem muuuito bacana que fiz há uns três anos pra Floresta Amazônica! Isso mesmo, passamos três dias naqueles hotéis no meio da floresta, uma experiência única e inesquecível! É uma viagem que todo mundo deveria fazer para conhecer um dos lugares mais apaixonantes e incríveis do mundo, além é claro de valorizar o que é nosso. Saímos de Curitiba e passamos o primeiro dia em Manaus, deu para conhecer um pouco a cidade, o clima maluco e úmido, o Teatro Municipal, o mercado público, experimentar alguns sucos típicos e outras iguarias da região. Mas a melhor parte ainda estava por vir...




Antes de continuar vou explicar um pouco do pacote e do hotel que ficamos no meio da floresta. Escolhemos o Juma Amazon Lodge (ele aparece direto na televisão e a estrutura é realmente top!) e o legal é que eles têm um programa certinho e tudo é previamente planejado. Leva mais ou menos 4h para chegar ao hotel saindo de Manaus, e só a viagem de ida já vale cada centavo investido. A van do Juma Lodge busca os visitantes nos seus hotéis em Manaus e leva até o porto, onde um barquinho nos espera para fazer uma travessia até um vilarejo ali perto. E o melhor: durante esta travessia passamos pelo Encontro das Águas, quando o rio Negro, de água preta, e o rio Solimões, de água barrenta, se encontram. Lindo demais! Depois vem mais um percurso de camionete (com direito a uma parada para experimentar o Guaraná típico da região, que tem gosto de Guaraná Jesus) e, por último, outro trajeto de barco no meio da floresta para finalmente chegar ao Juma.


O hotel é em cima do rio, muito legal, como se fossem cabanas e a paisagem varia de acordo com a época do ano e a altura do rio. Quando fomos, em junho, ele estava bem alto. A estrutura do Juma Lodge é demais, todas as refeições estão inclusas e são deliciosas, não tem televisão, nem internet, não pega celular e não tem telefone, ou seja, você fica totalmente isolado do mundo. A energia elétrica só funciona durante a noite e o chuveiro é gelado. Tudo muito rústico e aconchegante. À noite, depois do jantar, eles têm música e uma sala de jogos e recreação para os visitantes. A maioria das pessoas dorme cedo, porque o programa começa cedo na manhã seguinte, então é importante estar descansado.

A programação do Juma Lodge varia de acordo com o número de dias que você vai ficar e os hóspedes são divididos em grupos, cada um com o seu guia. O nosso era o Cobra e ele era muito gente boa e engraçado! Lá, você faz tudo com o seu grupo e os horários são definidos, do café da manhã ao jantar, para evitar confusão, aglomeros e agilizar as coisas.






Ah! Antes que perguntem: siiiim, eu curti o passeio apesar do meu pavor gigantesco de aranhas. Mas claro que tinha que acontecer algo e logo no primeiro dia, senão não seria eu! Primeiro dia, meus pais em uma cabana mais distante, meus irmãos tomando banho de rio, eu pensei: vou tomar banho cedo e encarar de uma vez esse chuveiro gelado. Quando eu puxo a portinha pra entrar no box, sai uma aranha gigaaaaaante (menos, Mariana, era tamanho médio e não tinha pelos, mas na minha cabeça era uma daquelas tarântulas de 30 cm) subindo pela parede. Eu começo a gritar, dizer que vou embora (bem cena de filme), mas as duas barracas laterais tinham europeus e ninguém entendeu nada :/ Em resumo: fiquei quase 1h analisando a movimentação da aranha pela parede, chorando que nem retardada, até meus irmãos aparecerem e matarem aquela desgraça de oito patas. Passei os outros dias com trauma, dormindo de luz acesa (sim! hahaha) e olhando cada canto antes de tomar banho ou qualquer outra movimentação. O importante é que no final eu sobrevivi!

Voltando ao Juma Lodge: os passeios também já estavam definidos. Não lembro a ordem em que eles aconteceram, mas visitamos uma aldeia indígena, pescamos piranha (aqui tem outra história engraçada), caçamos jacaré à noite, fizemos trilha no meio da floresta, vimos o sol nascer e se por, tudo mágico! Aliás, acho que foi o pôr do sol mais lindo do mundo, empatado com o da Califa (aiiii Califa <3).


Agora vamos à história da piranha. No nosso grupo tinha uma família de Recife e eles eram muuuito chatos! Sabe aquelas pessoas que atrasam a excursão, ficam falando o tempo todo, atrapalham todo mundo pra bater foto... eram eles. Aí o barco parou no meio do rio, cada um com a sua varinha de pesca, o guia pedindo silêncio para não espantar os peixes e a mulher não calava a boca enquanto o guia explicava que, caso alguém pescasse uma, tinha que cuidar na hora de puxar a linha, porque a piranha vem nervosa e pode atacar todo mundo se não segurar da forma correta. E a sarna da mulher tagarelando, até que ela pescou uma piranha e puxou a vara com tudo. Agora pensem em um filme: aquela piranha pendurada na linha, na altura da cabeça de todo mundo, abrindo e fechando a boca, passando do lado das nossas orelhas, a mulher gritando, o guia tentando agarrar o peixe, todo mundo desesperado hahahahahaha até que o guia controlou a situação e disse que o hotel iria preparar a piranha pro nosso jantar, pra todo mundo experimentar. Aí, pra completar a situação, a querida da mulher quis bater uma foto com o peixe e DERRUBOU A PIRANHA NO RIO (uma salva de palmas pra ela). No final ficamos sem piranha, porque ela não fechou mais o bico e ninguém mais pescou nada! ¬¬



A noite que saímos caçar jacaré também foi muito legal. O grupo fica passeando de barco, devagar, procurando pelos jacarés. Precisamos ficar em silêncio (desta vez a chata da mulher colaborou) e quando avistamos um, os guias se enfiam no matagal pra pegar (siiiiim, bem assim). Já estávamos quase desistindo de pegar um, quando ele avistou um filhote numa beira do rio e, de repente (neste meio tempo ouvimos muito barulho, tipo briga de desenho animado, o guia no mato e o jacaré tentando escapar haha), ele aparece com o bicho na mão! Todo mundo bateu foto, encostou, ele devolveu o jacaré e fomos embora.


No dia que visitamos a aldeia indígena, eles contaram um pouco sobre o estilo de vida, mostraram o que eles produzem, compramos perfumes que eles mesmos fazem. Outra atividade interessante é a trilha no meio da floresta, entre aquelas árvores enormes, vendo os animais, as tocas de tarântulas, sendo picados por mosquitos (tá, parei), brincadeiras à parte, juro que é legal hahaha no final do passeio o guia fez alguns artesanatos com folhas e todo mundo entrou no clima.





No último dia, antes de voltarmos pra Manaus e a van nos deixar no aeroporto, acordamos às 5h da matina pra ver o sol nascer. Infelizmente aquele dia ficou nublado, mas o Cobra, nosso guia, levou um sol desenhado num papel e foi só risada!


Não faço ideia do valor deste tipo de viagem, imagino que não seja muito barato, mas vale muito a pena pela experiência, por conhecer a Floresta Amazônica, pelo contato com a natureza e pela paz. Outra coisa legal desta experiência é que você convive com gente do mundo inteiro. Quando estávamos hospedados tinha a gente, uma família de Recife e um casal do Rio de Janeiro de brasileiros, o resto eram pessoas de vários países, principalmente da Europa. É uma viagem que vale demais a pena e dá pra fazer tranquilo em um feriado prolongado. As paisagens são muito bonitas, a estrutura é bacana demais, eles recebem muito bem os visitantes, a comida é deliciosa e os passeios são inesquecíveis.