"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu." - Amyr Klink
Hoje vou fazer um post de uma
viagem muuuito bacana que fiz há uns três anos pra Floresta Amazônica! Isso
mesmo, passamos três dias naqueles hotéis no meio da floresta, uma experiência
única e inesquecível! É uma viagem que todo mundo deveria fazer para conhecer
um dos lugares mais apaixonantes e incríveis do mundo, além é claro de
valorizar o que é nosso. Saímos de Curitiba e passamos o primeiro dia em
Manaus, deu para conhecer um pouco a cidade, o clima maluco e úmido, o Teatro
Municipal, o mercado público, experimentar alguns sucos típicos e outras
iguarias da região. Mas a melhor parte ainda estava por vir...
Antes de continuar vou explicar um
pouco do pacote e do hotel que ficamos no meio da floresta. Escolhemos o Juma Amazon Lodge (ele aparece direto na televisão e a estrutura é realmente top!) e o
legal é que eles têm um programa certinho e tudo é previamente planejado. Leva
mais ou menos 4h para chegar ao hotel saindo de Manaus, e só a viagem de ida já
vale cada centavo investido. A van do Juma Lodge busca os visitantes nos seus
hotéis em Manaus e leva até o porto, onde um barquinho nos espera para fazer
uma travessia até um vilarejo ali perto. E o melhor: durante esta travessia
passamos pelo Encontro das Águas, quando o rio Negro, de água preta, e o rio
Solimões, de água barrenta, se encontram. Lindo demais! Depois vem mais um
percurso de camionete (com direito a uma parada para experimentar o Guaraná
típico da região, que tem gosto de Guaraná Jesus) e, por último, outro trajeto
de barco no meio da floresta para finalmente chegar ao Juma.
O hotel é em cima do rio, muito
legal, como se fossem cabanas e a paisagem varia de acordo com a época do ano e
a altura do rio. Quando fomos, em junho, ele estava bem alto. A estrutura do
Juma Lodge é demais, todas as refeições estão inclusas e são deliciosas, não
tem televisão, nem internet, não pega celular e não tem telefone, ou seja, você
fica totalmente isolado do mundo. A energia elétrica só funciona durante a
noite e o chuveiro é gelado. Tudo muito rústico e aconchegante. À noite, depois
do jantar, eles têm música e uma sala de jogos e recreação para os visitantes.
A maioria das pessoas dorme cedo, porque o programa começa cedo na manhã
seguinte, então é importante estar descansado.
A programação do Juma Lodge varia
de acordo com o número de dias que você vai ficar e os hóspedes são divididos
em grupos, cada um com o seu guia. O nosso era o Cobra e ele era muito gente
boa e engraçado! Lá, você faz tudo com o seu grupo e os horários são definidos,
do café da manhã ao jantar, para evitar confusão, aglomeros e agilizar as
coisas.
Ah! Antes que perguntem: siiiim, eu
curti o passeio apesar do meu pavor gigantesco de aranhas. Mas claro que tinha
que acontecer algo e logo no primeiro dia, senão não seria eu! Primeiro dia,
meus pais em uma cabana mais distante, meus irmãos tomando banho de rio, eu
pensei: vou tomar banho cedo e encarar de uma vez esse chuveiro gelado. Quando
eu puxo a portinha pra entrar no box, sai uma aranha gigaaaaaante (menos, Mariana,
era tamanho médio e não tinha pelos, mas na minha cabeça era uma daquelas
tarântulas de 30 cm) subindo pela parede. Eu começo a gritar, dizer que vou
embora (bem cena de filme), mas as duas barracas laterais tinham europeus e
ninguém entendeu nada :/ Em resumo: fiquei quase 1h analisando a movimentação
da aranha pela parede, chorando que nem retardada, até meus irmãos aparecerem e
matarem aquela desgraça de oito patas. Passei os outros dias com trauma,
dormindo de luz acesa (sim! hahaha) e olhando cada canto antes de tomar banho
ou qualquer outra movimentação. O importante é que no final eu sobrevivi!
Voltando ao Juma Lodge: os passeios
também já estavam definidos. Não lembro a ordem em que eles aconteceram, mas
visitamos uma aldeia indígena, pescamos piranha (aqui tem outra história
engraçada), caçamos jacaré à noite, fizemos trilha no meio da floresta, vimos o
sol nascer e se por, tudo mágico! Aliás, acho que foi o pôr do sol mais lindo
do mundo, empatado com o da Califa (aiiii Califa <3).
Agora vamos à história da piranha.
No nosso grupo tinha uma família de Recife e eles eram muuuito chatos! Sabe
aquelas pessoas que atrasam a excursão, ficam falando o tempo todo, atrapalham
todo mundo pra bater foto... eram eles. Aí o barco parou no meio do rio, cada
um com a sua varinha de pesca, o guia pedindo silêncio para não espantar os
peixes e a mulher não calava a boca enquanto o guia explicava que, caso alguém
pescasse uma, tinha que cuidar na hora de puxar a linha, porque a piranha vem
nervosa e pode atacar todo mundo se não segurar da forma correta. E a sarna da
mulher tagarelando, até que ela pescou uma piranha e puxou a vara com tudo.
Agora pensem em um filme: aquela piranha pendurada na linha, na altura da
cabeça de todo mundo, abrindo e fechando a boca, passando do lado das nossas
orelhas, a mulher gritando, o guia tentando agarrar o peixe, todo mundo
desesperado hahahahahaha até que o guia controlou a situação e disse que o
hotel iria preparar a piranha pro nosso jantar, pra todo mundo experimentar.
Aí, pra completar a situação, a querida da mulher quis bater uma foto com o
peixe e DERRUBOU A PIRANHA NO RIO (uma salva de palmas pra ela). No final
ficamos sem piranha, porque ela não fechou mais o bico e ninguém mais pescou
nada! ¬¬
A noite que saímos caçar jacaré
também foi muito legal. O grupo fica passeando de barco, devagar, procurando
pelos jacarés. Precisamos ficar em silêncio (desta vez a chata da mulher
colaborou) e quando avistamos um, os guias se enfiam no matagal pra pegar
(siiiiim, bem assim). Já estávamos quase desistindo de pegar um, quando ele
avistou um filhote numa beira do rio e, de repente (neste meio tempo ouvimos
muito barulho, tipo briga de desenho animado, o guia no mato e o jacaré
tentando escapar haha), ele aparece com o bicho na mão! Todo mundo bateu foto,
encostou, ele devolveu o jacaré e fomos embora.
No dia que visitamos a aldeia
indígena, eles contaram um pouco sobre o estilo de vida, mostraram o que eles
produzem, compramos perfumes que eles mesmos fazem. Outra atividade
interessante é a trilha no meio da floresta, entre aquelas árvores enormes,
vendo os animais, as tocas de tarântulas, sendo picados por mosquitos (tá,
parei), brincadeiras à parte, juro que é legal hahaha no final do passeio o
guia fez alguns artesanatos com folhas e todo mundo entrou no clima.
No último dia, antes de voltarmos
pra Manaus e a van nos deixar no aeroporto, acordamos às 5h da matina pra ver o
sol nascer. Infelizmente aquele dia ficou nublado, mas o Cobra, nosso guia,
levou um sol desenhado num papel e foi só risada!
Não faço ideia do valor deste tipo
de viagem, imagino que não seja muito barato, mas vale muito a pena pela
experiência, por conhecer a Floresta Amazônica, pelo contato com a natureza e
pela paz. Outra coisa legal desta experiência é que você
convive com gente do mundo inteiro. Quando estávamos hospedados tinha a gente,
uma família de Recife e um casal do Rio de Janeiro de brasileiros, o resto eram
pessoas de vários países, principalmente da Europa. É uma viagem que vale demais
a pena e dá pra fazer tranquilo em um feriado prolongado. As paisagens são
muito bonitas, a estrutura é bacana demais, eles recebem muito bem os
visitantes, a comida é deliciosa e os passeios são inesquecíveis.
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